Entrevista a... GeoAwareIB (portugués)

Publicado el Sábado, 10 Septiembre 2016 Escrito por Cavernario
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Na comunidade Geocaching, ai um grupo de geocachers aos que pode ser dado o nome de "especial" pois dedicam parte do seu tempo livre para fornecer um serviço a comunidade geocachers. O jogo não seria o mesmo sem a sua dedicação e empenho. Quem são eles? O que eles fazem? Hoje vamos conhecer um desses "voluntarios".

Mais, antes de apresentá-lo, diremos que existem quatro tipos de voluntários:

Os Revisores: Publicam geocaches que atendam às diretrizes de geocaching.

Moderadores: orientam e moderam a participação em fórums de discussão geocaching.

Tradutores: traduzir o conteúdo de geocaching em outros idiomas além do Inglês.

Os geowares: empregam seus conhecimentos em geologia para analisar e publicar EarthCaches.

Hoje vamos entrevistar o GeoAwareIB, seu Nick indica que tipo de voluntário é.

E como é o Português, teremos dupla entrada, entrevista em castelhano e Português 

GeocachingSpain (GS)... Primeiro de tudo, gostaríamos que se apresentasse (quem é, o significado de seu Nick, quando e como começou no geocaching, que o fixo prosseguir...)

GeoAwareIB (GAIB)... Olá a todos. Muito obrigado pela oportunidade de me apresentar neste fórum.

O geocaching já faz parte da minha vida desde Setembro de 2004 quando me alistei com o nick de danieloliveira. A parte das EarthCaches veio por defeito devido à profissão que exerço no meu dia-a-dia. Tenho a honra de ter conseguido aliar a minha profissão ao geocaching e fui o primeiro a ter publicado uma EarthCache em Portugal.

De resto sou uma pessoa normal. Tenho 50 anos, sou casado e tenho dois filhos. Sou geólogo de formação com Doutoramentos de uma Universidade Sul Africana e de outra Portuguesa. Trabalho em geologia e recursos minerais e tenho um gosto particular pela fotografia.

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GS... ¿Como chegou a ser GeoAware (GA)?

GAIB... Bem. Porventura terá sido a minha constante crítica que um revisor residindo nos Estados Unidos fosse capaz de rever uma EarthCache em Portugal não conhecendo minimamente a sua geologia ou geomorfologia. As críticas foram tantas que um belo dia apareceu o convite de olhar as EarthCaches “do outro lado”.

GS... ¿Quantos revisores formam a equipa GeoAware e qual é o seu trabalho?

GAIB... Para dizer a verdade não sei dizer. Sei que na América existem uns tantos, na Alemanha outros tantos e depois há um para África, um para a Ibéria, um global que aprova todos os outros países não atribuídos a um GeoAware em particular. Com certeza que nesta lista falham uma série de GeoAwares mas de facto não sei.

GS... ¿Como é a sua cooperação com e a Groundspeak e "Geological Society of America" ​​(GSA)?

GAIB... A cooperação entre estas duas entidades é completamente transparente. A Sociedade Geológica da América tem um programa denominado “Education & Outreach” do qual fazem parte o GeoAware (Gary Lewis), GeoAwareHQ (Matt Dawson). Estes são apoiados por Jennifer Nocerino, Davida Buehler, Tahlia Bear e Allison Kerns. Este programa engloba as EarthCaches que são apoiadas pela Groundspeak. 

Neste sentido o caminho da revisão das caches é apoiado pela Sociedade Geológica da América e a Groundspeak entra em campo quando existem reclamações específicas sobre as caches.

GS... ¿Qual é o propósito destas caches?

GAIB... O local de uma EarthCache é um lugar especial que as pessoas podem visitar para saber mais sobre um recurso geológico único ou outro aspecto da nossa Terra. Os visitantes aos locais de EarthCaches podem ver como nosso planeta foi moldado por processos geológicos, como gerimos os recursos e como os cientistas reúnem provas para aprender mais sobre a Terra. Esta ideia simples, de um homem cuja missão é simplesmente a descomplicação e divulgação das ciências da terra, veio abrir-nos uma maneira diferente de olhar o mundo e permitir estender o Geocaching a locais onde é proibido por lei esconder as tão famosas caixinhas, como por exemplo nos Parques Naturais ou geomonumentos; estes últimos no sentido daqueles que são legislados.

GS... ¿Quais são as suas recomendações para criar um EarthCache? ¿Cal acha mais importante?

GAIB... Bem. Eu tenho uma visão muito particular sobre a criação das EC’s porque eu próprio escrevo artigos científicos e sei quais as exigências que me são impostas. Enquanto eu próprio não posso tratar as EC’s da mesma forma por causa dos diversos e variados níveis de cultura científica entendo que devem obedecer a um molde estruturado. Contudo devo dizer que nunca penalizo, ou alguma vez penalizei, alguma cache que tenha chegado para revisão sem estes “moldes”. Aliás até acho bastante piada quando alguém consegue “dar a volta às guidelines” e surpreender-me de uma forma positiva. Mas para voltar à questão fulcral, entendo que as EC’s só devem ser criadas por pessoas que em primeiro lugar entendem o aspecto/fenómeno geológico e que depois o conseguem transmitir, ou ensinar, se assim o entendermos, a outros de uma forma SIMPLES! 

Por esse motivo entendo que uma EC deve ser estruturada da seguinte forma:

Uma INTRODUÇÃO – deve ser introdutória ao local (o que faz dele especial? Porque deve existir ali uma EC? Tem uma relação histórica com o tema da EC?) ou ao aspecto/fenómeno geológico (o tema é uma falha?  - o que são falhas? Que tipos há? Em que tipos de materiais se formam?, etc.) de uma forma genérica. E sublinho aqui genérico!

ecmastergoldcoinUm ENQUADRAMENTO GEOLÓGICO – qual é a geologia deste local? (tipo de rochas, idades, Formações, etc?). É importante lembrar que as EC’s têm como Guideline #1 – “EarthCaches must provide an earth science lesson” – ou seja, estar relacionado com as ciências da terra.

Muitas vezes recebo caches para rever com temas que não fazem sentido nenhum. Por exemplo, igrejas, monumentos, aldeias onde o geocacher nasceu, etc. – se não tiver a geologia associada, não passa no filtro. 

Uma explicação do aspecto/fenómeno geológico feito de uma forma simples e fácil de entender. Isto é fundamental. Se alguém com formação na área não entende, então o geocacher que não tem formação na área das ciências da terra, muito menos!

Eu costumo sempre dizer que quando faço uma EC, estou a fazê-la para uma pessoa que é informático, enfermeiro, padeiro ou electricista.

Por fim, uma das mais importantes partes das EC’s são as perguntas para validar o FOUND IT.

Aqui relembro a guideline #6 “Logging an EarthCache requires visitors to undertake a site-specific task which provides a learning opportunity related to the topic. The logging tasks must have visitors using the information from the cache page along with their observations at the site to perform some type of analysis of their own (1). Logging task solutions will serve as the cache owner's proof that the cacher has visited the site. Questions which only serve to prove that someone visited the site, and do not relate to the site's geology, are not permitted (2). All requests for photographs must be optional (3). Visitors must be able to send their answers to logging tasks via the cache owner's profile. Auto-responders cannot be used to verify answers. The answers to the logging tasks must be placed in a Reviewer Note at the time of submission (4)” que quero particularizar:

(a) – As respostas são obtidas da página (texto, figuras) da cache e também de tarefas específicas no LOCAL da cache. Neste aspecto a minha visão é um balanço entre respostas da página da cache e do local. Ao fim de tudo o dono da cache também tem interesse em saber e estar descansado que o geocacher visitou de facto o local.

(b) - Este aspecto é provavelmente o mais ignorado quando as perguntas são formuladas. Em linguagem simples, isto quer dizer que as tarefas que são são por si formuladas para provar que o geocacher esteve no local não são permitidas. As perguntas deste estilo, são aquelas que perguntam coisas como, “quantos parafusos (tornillos) estão presos no painel abc? Quantos P de parking têm o parque….? Quantas caixas de correio estão do lado…? Quantos postes brancos…?, etc. etc.). Por favor não façam isto! As perguntas bem formuladas são prova suficiente para provar que o geocacher esteve no local.

(c) - Pelas razões já expostas isto não é permitido até porque não é obrigatório fazer geocaching com um GPS e muito menos com uma máquina fotográfica.

(d) – Esta nota é muito importante porque permite ao revisor entender melhor a EC e perceber também se as perguntas estão bem formuladas.

Por fim, apelo a todos que façam EC’s que citem as fontes da informação. Nós não nascemos todos sabidos e já muitos trabalharam sobre muitos dos temas antes de nós. Cabe-nos um pouco de humildade fazer homenagem aos autores dos textos que usamos.

Fica igualmente o aviso que a “net” nem sempre sabe tudo e por vezes tem erros. A Wikipedia é um local em que muitas vezes eu detecto erros.

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GS... Desde o primeiro EarthCache (CE) - "EarthCache" - que foi publicado, ¿como tem evoluído este aspeto do jogo?

GAIB... Uma pergunta difícil de responder. A primeira EarthCache foi criada a 10 de Janeiro de 2004 no Parque Nacional de Murramarang, na Austrália, por Gary Lewis (GeoAware) e foi baptizada de Earthcache I - a simple geology tour of Wasp Head (GCHFT2). A evolução das EarthCaches, se assim o podemos chamar, traduzem-se num perfil gráfico muito semelhante às cotações de metais numa bolsa. Uns dias o preço está alto e noutros está baixo. Ao longo do tempo, as variações fazem o gráfico oscilar mas acho que de forma positiva.

Eu penso que a maior evolução nas EarthCaches nos últimos 3 anos tem sido o alargamento da equipa de GeoAwares. Existe agora um “poder” descentralizado que dá muito mais autonomia ao poder decisivo local ao contrário de há alguns anos atrás quendo era tudo controlado do outro lado do Oceano Atlântico acima do paralelo 30ºN. 

GS... ¿E para onde acha que vai evoluir?

GAIB... Acho que a saturação é inevitável. Tal como começamos a ver as caches regulares evoluírem para as “famosas” powertrails, o tema para EC’s, especialmente em locais mais constrangidos, começarem a ser semelhantes – vejam-se os ambientes vulcânicos das Canárias, Açores e Madeira. Cabe aos geocachers mais atentos, evoluir para fora deste molde constrangedor e surpreender-nos com pérolas de ciência de uma forma diferente. 

GS... ¿Do que gosta mais e menos sobre ser GA?

GAIB... Posso sinceramente dizer que não tenho nada de que não goste de ser GA. Fico triste quando vejo que um geocacher tem um entusiasmo em particular sobre um tema ou local em particular e não consegue transmitir a parte da ciência para criar a sua EC. Em muitos destes casos já houve um certo GA que ajudou ou então fez a cache de raiz para pessoas como esta. Fico também triste não poder dedicar o meu tempo todo a este jogo. Faço isto como voluntário sem problemas nem queixas mas gostava de ter mais tempo.

O que gosto mais é de aprender com as EC’s submetidas. A minha base de dados geológica tem aumentado imenso e aqui, mais uma vez, a falta de tempo leva-me a ficar melancólico: “tantas EarthCaches e tão pouco tempo!” Se alguma vez tiver uma reforma, e ainda me conseguir mexer, vou certamente ter muito que visitar.

GS... ¿E o mais fácil e mais difícil?

GAIB... O mais fácil é receber uma EC bem-feita em que o dono tenha feito o trabalho de casa e lido com muita atenção as guidelines. O mais difícil é receber uma cache mal feita, ter que a devolver ao dono para revisão e o dono resubmeter outra vez sem ter feito algum melhoramento ou tido em conta os reparos feitos. Isto pode ser um processo moroso e teimoso.

GS... Como Português que é ¿acha que é muito difícil avaliar ECs em Espanha? Se é assim, seria possível ou necessário de um GeoAware para os ECs em língua Espanhol - juntos Espanha e América do Sul?

GAIB... Eu não acho que rever caches em Espanha é difícil. O que por vezes se torna mais difícil é a comunicação entre revisor e dono. Isto sim, pode causar algum constrangimento mas até agora temos ultrapassado todos estes problemas e nunca nenhuma cache ficou por publicar por causa da diferença de línguas. Mais difícil são entender correctamente as caches da Catalunia. Os meandros políticos são o que são e não quero aqui levantar questões nacionalistas mas com certeza uns são mais que outros. Contudo, como tenho uma base (ainda que fraca) de Francês, soluciona-se com facilidade.

Relativamente à pergunta. Acho que faz todo o sentido que haja um revisor “Espanhol” que faça revisão de todos os países com língua oficial Espanhol tal como devia haver um revisor para todos os países de língua oficial portuguesa como as ex-colónias. Neste momento o modelo de revisão não está assim preconizado mas está por áreas geográficas. Tenho a certeza que revisores por “língua” e não “área” é uma inevitabilidade caso o jogo evolua de forma positiva e o volume de EC’s assim o justifique.

geoawareib02GS... ¿Como avalia o nível do EC em Espanha? (Qualidade, a originalidade, a abordagem).

GAIB... Devo dizer que ao longo dos últimos 3 anos tenho visto um renascer do interesse pelas EC’s em território Espanhol (excluo aqui as Canárias que sempre foram couto de caça Alemão e Britânico com algumas excepções claro). Não só tem o número de EC’s aumentado substancialmente como também a qualidade e diversidade de temas.

GS... Na origem de as ECs teve muito a ver o GSA, e na verdade é uma marca registrada e propriedade intelectual da GSA e Groundspeak ¿ sabe se há conhecimento, colaboração ou interesse de outras instituições semelhantes na península?

GAIB... Desconheço por completo.

GS... ¿Tem uma anedota que recorde e goste contar como GeoAware?

GAIB... Não me lembro de nenhuma de momento.

GS... E algum cache publicado para recordar em particular ¿ E porque?

GAIB... Claro que tenho as minhas favoritas, e também os meus geocachers favoritos em Espanha mas para não destacar aqui uns e não outros prefiro deixar esta resposta assim. Contudo, se quiserem perceber quais são é muito fácil: procurem as EC’s  por mim publicadas com mais visitas, mais pontos favoritos e páginas bem elaboradas.

GS... ¿Quere-nos dizer algo mais? (Convite a ir algures, para criar um EC, pedir ajuda, agradecendo, um adianto de algo...)

GAIB... Um dos meus sonhos é a realização de um evento Mega sobre EC’s em Portugal (ou Espanha). Gostava de ver uma “task force” dos dois países agarrar este tema e desenvolver um projecto neste sentido. Gostava de ver em particular um tema central sobre os recursos geológicos (minerais metálicos e não-metálicos, minerais industriais, energéticos, água e geotermia). Tenho a certeza que o IGME (Instituto Geológico y Minero de España) e o LNEG (Laboratorio Nacional de Energía y Geologíateriam gosto em ajudar a concretizar um projecto destes.

Não quero acabar sem agradecer o convite para esta partilha de ideias, e agradecer a todos os geocachers e EarthCachers os momentos particulares e peculiares de intercâmbio de ciência geológica – Eu puxo por vós mas vocês também puxam por mim e aprendemos em conjunto. Um bem haja e um abraço a todos.

GS... Obrigado por nos ajudar a dar a conhecer este trabalho e este tipo de caches, e espero que a partir de agora você colocá-lo mais fácil quando fazemos um CD.

Também queremos convidar para o nosso evento Earthcache Day 2016, que já estão programadas.

 

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